Uma das marcas do avanço do capitalismo é a exploração crescente da classe trabalhadora, através da precarização das condições de trabalho. Esta exploração facilitada pelo regime golpista está deixando uma marca visível nas ruas das grandes cidades brasileiras. São os entregadores que trabalham de bicicleta.
Os entregadores são descritos como “profissionais autônomos”, um nome que ofusca sua condição de subemprego. São parte de um contingente enorme de desempregados que ficou à disposição do capital estrangeiro, para realizar serviços de baixíssima remuneração. Trata-se de uma profissão de risco – pedalar em meio ao trânsito brasileiro. Estes entregadores têm a maior parte do seu trabalho concentrado no horário mais quente do dia, e durante a noite, a visibilidade os torna vulneráveis a acidentes. Empresas como a Rappi e a Uber Eats se relacionam diretamente com o empregado por meio do cadastro em aplicativos de celular, retirando lucros que vão para fora do País. Não há incômodos com sindicatos, greves e negociações salariais. Muito pelo contrário, conforme aumenta a oferta de entregadores, o aplicativo consegue reduzir o preço pago por quilômetro rodado.
É a retórica da reforma trabalhista, do neoliberalismo, em que o funcionário é um “empreendedor individual” negociando diretamente com o patrão. Ele tem duas escolhas: aceitar condições precárias ou passar fome. E órgãos da imprensa golpista como o G1/Globo apresentam o fato cinicamente, como algo normal, sem qualquer sentimento de revolta. Por exemplo, Israel de Souza “fez do hobby uma fonte de renda”, chega a trabalhar 13h diárias e percorrer 50km, ganha até R$250 por semana. Sem tempo e condições para comer em casa, gasta R$25 por dia com alimentação, o que significa que não lhe sobra mais de 500 por mês para aluguel, vestuário, saúde, água, luz, telefone…
Fonte: https://www.causaoperaria.org.br/indigenas-presos-em-ms/